Colegas da Fiocruz,
Dando sequência à proposta de aprofundar as
questões abordadas no debate entre os candidatos à Presidência da Fiocruz, em
31/10, apresentamos nossa posição sobre a pergunta: O atual modelo desenvolvimentista adotado no
Brasil, pautado no crescimento acelerado e dependente da exportação de
commodities, tem se revelado insustentável, com expropriação dos trabalhadores,
degradação ambiental, e o aumento das doenças do crescimento, especialmente em
comunidades de baixa renda e tradicionais. Há um processo contínuo de
desterritorialização, com agravamento de conflitos e impactos socioambientais e
à saúde, decorrentes do agronegócio e de grandes empreendimentos, como Belo
Monte, Jirau, Caetité, Comperj, Porto do Açu e Companhia Siderúrgica do Atlântico
(TKCSA). A Asfoc pergunta: sabendo que estes projetos são chancelados pelo
governo federal, como os candidatos pretendem preservar a autonomia política e
científica da Fiocruz, com posicionamento crítico e público em relação às
políticas atuais de desenvolvimento, para que se avance na avaliação dos
impactos à saúde desses grandes empreendimentos?
Reproduzimos abaixo as linhas gerais da
resposta dada no debate e aprofundamos o tema. É necessário que haja grande
participação, mais aprofundamento e transparência no debate desse e de outros
temas na Fiocruz.
Vamos juntos no caminho da mudança!
e coletivo da campanha
A autonomia científica da Fiocruz
frente às políticas
de governo no plano do
desenvolvimento
A preservação da autonomia científica da Fiocruz
frente aos grandes empreendimentos é essencial, uma vez que eles têm impacto na
sociedade e no desenvolvimento do país. A
Fiocruz deve ser analítica, propositiva e formuladora, e não apenas executora de
políticas públicas. Nesse sentido, avaliar, monitorar e criar indicadores
de impacto socioambiental é foco de nossos grupos de pesquisa, com autonomia,
sem qualquer tipo de aparelhamento. Falei sobre isso na Fiocruz Brasília, onde se
analisam as políticas econômicas, e na Fiocruz Bahia, onde são estudados os
impactos da transposição do rio São Francisco na Região Nordeste em relação às doenças
transmitidas pela água. O papel da Fiocruz, por sua missão e condição de
instituição pública e estratégica de Estado, é posicionar-se nestas questões
(que sempre envolvem aspectos políticos) com foco na autonomia científica, sob o
respaldo das pesquisas desenvolvidas na instituição.